
Casa do segundo maior templo católico do Brasil — o Santuário do Menino Jesus —, Brazlândia completa nesta quinta-feira (5/6) mais um ano de história. Fundada em 1933, a cidade, que abriga cerca de 54 mil habitantes na área urbana e 30 mil na área rural, é símbolo de refúgio na natureza, religiosidade marcante e tradições culturais que atravessam gerações.
Com uma área total de 474,83 km², Brazlândia é conhecida por sua beleza natural e variedade de atrações. O Lago Veredinha é um dos principais cartões-postais, onde moradores e turistas se reúnem nos quiosques à beira d'água para apreciar o pôr do sol.
Outro destaque é a Chapada Imperial, uma reserva ecológica preservada desde 1985, referência em desenvolvimento sustentável em propriedade particular. Lá, os visitantes podem percorrer trilhas no Cerrado e conhecer mais de 30 cachoeiras. O Poço Azul também atrai multidões aos fins de semana, famílias e amigos se reúnem para piqueniques, churrascos e banhos refrescantes.
Brazlândia também é conhecida pelo turismo rural e é repleta de sítios que proporcionam experiências de imersão na natureza. O Sítio Pinheiro, por exemplo, é ideal para grupos e famílias. O Sítio Alegria oferece eios tranquilos e saudáveis. O Sítio Titara é rodeado pela belíssima paisagem do Cerrado.
Cinturão verde
A agricultura de Brazlândia ocupa mais de 3 mil hectares, consolidando-a como um dos cinturões verdes do Distrito Federal. A família do Rancho Paraná é pioneira na produção de flores tropicais na região, que contribui para a diversidade agrícola da cidade.
Francisco José de Carvalho Sobrinho, de 88 anos, e Prakceda Jakubowski de Carvalho, 81, contam que sua trajetória começou no Paraná, onde trabalhavam com propriedade rural. O casal se conheceu na região e veio criar a família em Brazlândia. A mudança, em 1967, foi motivada pela promessa do desenvolvimento agrícola na área.
A vida no campo seguiu em Brazlândia, com a produção inicial de hortaliças, ando pela pecuária leiteira, até chegar ao cultivo de flores tropicais. "Nós conseguimos sementes das flores no Nordeste, principalmente em Pernambuco e Maceió, um pouco também de Porto Rico e da Costa Rica", relembra Prakceda, com orgulho da diversidade cultivada.
A paixão pela terra e o desejo de compartilhar a história da família levaram à criação do Rancho Paraná. A ideia surgiu de forma espontânea, quando começaram a receber interessados na produção de flores. Ao longo do tempo, perceberam que as visitas poderiam virar um negócio.
Atualmente, o rancho possui mais de 100 variedades de flores e 70 tipos de folhagens, produzidas em sistema de agrofloresta. Além disso, o local conta com um restaurante, que começou timidamente, mas está há quase três décadas em funcionamento, sendo mais um espaço de encontro.
Capital do morango
Brazlândia é o maior polo produtor de morango do Centro-Oeste, com cerca de 200 produtores. A tradicional Festa do Morango, realizada entre agosto e setembro, transforma a cidade em um centro de lazer, cultura e gastronomia. A Morangolândia, praça de alimentação do evento, reúne barracas com a hortaliça in natura e uma infinidade de produtos derivados, além de shows, dança e artesanato.
João Fukushi, 74, é um dos pioneiros na produção de morango em Brazlândia. Natural de São Paulo, sempre teve contato com a agricultura, especialmente com o cultivo de frutas, tradição iniciada por seu pai. Encantado com o clima e com a região, ele decidiu investir. "Gostei mesmo da cidade. Comprei a primeira propriedade em junho de 1975 e, em 1976, já vim plantar morango. Deu certo e nunca mais parei", recorda. Desde então, estabeleceu raízes em Brazlândia: casou-se, criou quatro filhas, todas nascidas na cidade, e consolidou sua vida como agricultor.
Hoje, sua plantação conta com cerca de 30 mil pés de morango, com uma produtividade de aproximadamente 500 gramas por pé, a cada colheita. O pioneiro destaca que nunca teve dúvidas quanto a permanecer em Brazlândia. "Nunca pensei em sair, sou muito grato por tudo o que a cidade me proporcionou. Eu escolhi Brazlândia para encerrar minha vida", afirma.
Um lugar de fé
A fé também é um pilar fundamental da identidade de Brazlândia. O Santuário do Menino Jesus, segundo maior templo católico do Brasil, é uma imponente construção com seis pavimentos, três torres e uma cúpula de 33 metros. Com capacidade para 15 mil pessoas, reúne milhares de fiéis em procissão e celebração religiosa.
Valdemar Pereira de Souza vive em Brazlândia há 50 anos e frequenta o santuário há 25. Sua ligação com a cidade começou na infância, quando sua família deixou a Bahia para ajudar na construção de Brasília. "Viemos para cá em 1970. Gostamos tanto, que não saímos mais", conta ele, hoje policial civil aposentado, pai de quatro filhos.
A proximidade com o Santuário do Menino Jesus é um dos pilares de sua vida, que acompanhou toda a construção do templo, iniciada no ano 2000. "Para mim, é um local de cultivo da nossa espiritualidade e de viver a fraternidade com os irmãos da comunidade", avalia.
Para ele, uma das características mais marcantes da cidade é a tranquilidade. "O que é uma desvantagem, a distância para Brasília, torna-se uma vantagem, que é a tranquilidade e a paz. A característica de cidade do interior e sua religiosidade sempre me cativaram", opina.