
Em abril de 1994, a morte de Kurt Cobain não apenas encerrou a trajetória do Nirvana, como mergulhou Dave Grohl em um turbilhão emocional e existencial. Ainda em luto pela perda do amigo e colega de banda, Grohl se viu diante de uma encruzilhada: continuar na música ou abandonar de vez a carreira artística. Naquele momento, até mesmo a ideia de voltar à bateria, seu instrumento principal, parecia distante.
Nos meses que se seguiram, o ex-baterista se afastou da composição. A tristeza que carregava era tanta que, segundo ele mesmo relatou em entrevistas à Apple Music e ao radialista Howard Stern, as músicas que tentava criar soavam excessivamente melancólicas — reflexo direto do estado emocional em que se encontrava. “Cada vez que eu pegava um violão, o que saía era sombrio demais. Eu pensava: ‘Será que é só isso que tenho agora?’”, contou Grohl.
Foi somente em meio a uma viagem com sua esposa, Jennifer Youngblood, que uma nova luz começou a surgir. Durante a lua de mel na Irlanda, surgiu a primeira fagulha do que viria a ser uma guinada decisiva em sua vida e carreira: a composição de “This Is a Call”.
Lançada em 1995 como o primeiro single do álbum de estreia do Foo Fighters — projeto idealizado, gravado e liderado por Grohl — a música simboliza mais do que uma nova fase sonora. Representa o reencontro com a paixão pela música e um ponto de virada emocional. “Depois de tudo que vivi, escrever ‘This Is a Call’ foi como respirar novamente. Pela primeira vez em muito tempo, compor foi algo libertador, quase alegre”, lembrou ele em conversa com a Kerrang!.
Gravado em apenas cinco dias, o disco homônimo do Foo Fighters não apenas marcou a estreia de Grohl como frontman, mas também revelou seu talento multifacetado, assumindo voz, guitarra e a maior parte dos instrumentos. “This Is a Call”, com seu tom mais otimista, tornou-se o cartão de visitas dessa nova identidade musical — uma saída do luto em direção à reconstrução artística.