
Por Ana Carolina Alves, Darcianne Diogo, Davi Cruz e Nathália Queiroz — O primeiro dia da greve dos professores da rede pública do DF, iniciada nesta segunda-feira (2/6), esvaziou escolas da capital. Em nota, a Secretaria de Educação afirmou que o ponto dos professores será cortado, conforme prevê a decisão da Justiça.
De acordo com a pasta, 255 das 713 unidades escolares da rede pública aderiram integralmente ao movimento. As demais (cerca de 59%) funcionaram parcialmente, com uma média de 15% a 20% dos profissionais em paralisação.
"Além da decisão judicial que determinou a imediata suspensão da greve, autorizou o corte do ponto dos grevistas e fixou multa diária de R$ 1 milhão, o Tribunal de Justiça do DF também indeferiu novo pedido do Sinpro-DF, que buscava impedir o corte do ponto", disse a pasta, em nota.
Ao Correio, o diretor do Sinpro-DF Cleber Soares afirmou que a greve vai continuar. Uma assembleia está marcada para a próxima quinta-feira (5/6). "A direção do Sinpro-DF informa que não há nenhuma possibilidade de encerramento de greve. Quem começa e encerra a greve é a categoria. Por mais que a Justiça e o governo concedam liminares e estabeleçam multas, não há como o Sinpro encerrar. Só a categoria", disse.
O Correio visitou algumas unidades de ensino. No Centro de Ensino Médio Elefante Branco (Cemeb) e no Setor Leste, na Asa Sul, a adesão foi quase total e muitos estudantes encontraram salas vazias. "Só tenho uma aula hoje, vim para não levar falta", disse uma aluna da 3ª série do Setor Leste, que teme ser prejudicada na preparação para as provas.
João Victor, 16 anos, enfrenta sua primeira paralisação. Segundo o estudante do Cemeb, a maioria dos professores aderiu ao movimento, embora alguns tenham mantido as aulas. Morador do Gama, o jovem relatou que precisa acordar às 4h30 para chegar à escola e teme prejuízos com a necessidade de reposições aos sábados. "Só nos resta esperar pelos próximos capítulos", lamentou.
Com presença inferior a 10% dos 560 alunos, e só seis dos 32 professores, o Centro Educacional 02 do Cruzeiro também enfrentou os impactos da greve. Para Davi, 15, transferido recentemente da rede particular, o primeiro dia na escola nova coincidiu com a paralisação: "É difícil, vou ficar praticamente sem aula e sem conhecer meus novos colegas", lamentou.
Pais e responsáveis também foram afetados pela necessidade de reorganizar a rotina. Daniel de Sousa, 51, vigilante, levou a filha Mariana, de 17, ao Colégio Cívico-Militar (CED 7), em Ceilândia, para confirmar se haveria aula. "Não recebemos comunicado oficial, soubemos só pelo noticiário", reclamou.
Muitos apoiam os professores, mas temem prejuízos no aprendizado. No Cruzeiro, Élder Araújo, 59, acompanhou o filho Davi. "Os professores precisam ser mais valorizados e reconhecidos como formadores de caráter. O governo não valoriza a educação como deveria".
Outros pais, como Daisy Evangelista, 38, preferiram manter a rotina, mesmo com receios. "Fica ruim para nós, como pais, mas acho que cada um tem que correr atrás do que acha melhor", comentou, ao deixar o filho na escola, em Ceilândia.
Funcionamento parcial
As direções das escolas enfrentam o desafio de manter algum funcionamento, enquanto apoiam as reivindicações da categoria. A adesão dos professores varia, mas a paralisação afeta significativamente a rotina escolar.
No Colégio Cívico-Militar de Ceilândia, a diretora Adriana Rabelo informou adesão parcial. "Precisamos lutar por melhorias salariais, mas respeitamos quem decidiu continuar trabalhando", afirmou, destacando que a comunidade será impactada.
Já o vice-diretor do Centro Educacional 02 do Cruzeiro, João Leal relatou que a adesão à greve dos professores refletiu fortemente na rotina da escola. No primeiro dia do movimento, enquanto pela manhã alguns professores ainda foram dar aula, os profissionais dos turnos da tarde e da noite aderiram 100% à paralisação, resultando na suspensão total das aulas nesses períodos. "A expectativa é de que a greve perca força na segunda semana, mas isso depende da resposta do governo", avaliou.
Com cerca de 50% dos professores ainda em atividade no Centro Educacional 4 do Guará, o diretor Rogério Nunes destacou que todas as informações estão sendo readas aos pais. "A paralisação é uma decisão muito individual. Nosso papel é organizar a escola", explicou.
Em Taguatinga, no Centro de Ensino Médio Asa Branca (Cemab), a adesão foi de aproximadamente 90%.
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