Educação e Desenvolvimento

Brics firma aliança inédita para impulsionar ensino técnico-profissionalizante

Acordo internacional busca ampliar qualificação de jovens, promover desenvolvimento inclusivo e enfrentar desafios comuns; inteligência artificial e avaliação do ensino superior também entram na pauta

Wal Lima
postado em 05/06/2025 17:00 / atualizado em 05/06/2025 17:05
Camilo discursa durante abertura da 12ª Reunião dos Ministros da Educação do Brics -  (crédito: Luís Fortes/MEC)
Camilo discursa durante abertura da 12ª Reunião dos Ministros da Educação do Brics - (crédito: Luís Fortes/MEC)

O fortalecimento da educação técnico-profissionalizante foi o centro da agenda da reunião final da presidência brasileira do Brics Educação, realizada nesta quinta-feira (5/6), no Palácio Itamaraty. O encontro, conduzido pelo ministro da Educação, Camilo Santana, marcou a de uma Aliança de Cooperação entre os países do Brics voltada à formação técnica, à empregabilidade e ao desenvolvimento sustentável.

“Esse acordo nasce do reconhecimento de que todos os nossos países enfrentam o mesmo desafio: qualificar a juventude para um mundo do trabalho em transformação. O ensino técnico-profissionalizante é uma resposta concreta a isso. Essa aliança é um o decisivo”, afirmou o ministro.

O documento firmado pelos países do bloco — que inclui Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Egito, Etiópia, Emirados Árabes e agora também a Indonésia — define diretrizes conjuntas para cooperação em políticas de formação técnica, intercâmbio de experiências e articulação institucional. A meta é acelerar a criação de oportunidades para os jovens e ampliar a inclusão produtiva por meio da educação.

“O Brasil tem compromisso com essa agenda. O presidente Lula sancionou recentemente uma lei que transforma dívidas dos estados em investimentos em educação. Parte desses recursos vai para a expansão da rede de institutos federais”, disse Santana.

Além da aliança para o ensino técnico, os países do Brics também adotaram uma declaração conjunta consolidando consensos sobre quatro áreas prioritárias:

  • adoção ética da inteligência artificial na educação básica;
  • avaliação da educação superior como base para o reconhecimento mútuo de diplomas e qualificações;
  • consolidação da Brics Network University, a rede universitária do bloco;
  • formalização da Aliança Brics para a Educação Técnico-Profissionalizante.

A declaração foi resultado de meses de consultas e encontros coordenados pelo MEC desde fevereiro. Segundo o ministro, ela será referência nas discussões da Cúpula de Chefes de Estado do Brics, que ocorrerá em julho, no Rio de Janeiro.

“Discutimos intensamente como implementar inteligência artificial com responsabilidade nas escolas, sem comprometer o bem-estar das crianças e adolescentes. A qualidade da aprendizagem e a ética precisam andar juntas”, afirmou o ministro.

Mobilidade acadêmica e presença da Indonésia

Outro destaque do encontro foi a adesão da Indonésia à Brics Network University, rede que já conta com 140 instituições de ensino superior e promove cooperação acadêmica, pesquisa conjunta e mobilidade entre estudantes e docentes.

“Essa rede completa 10 anos em 2025. Amanhã estarei no Rio de Janeiro para o encontro anual. O Brasil já tem 20 universidades integradas, e a ideia é ampliar essa participação com foco em inovação e inclusão”, disse Santana.

Cooperação internacional como motor de transformação

A colaboração no âmbito do Brics é vista pelo governo brasileiro como um instrumento estratégico para o aprimoramento das políticas públicas educacionais. A troca de experiências, o reconhecimento mútuo de diplomas e a articulação de esforços entre os países-membros fortalecem a autonomia e a qualidade da educação nacional.

“Cooperação internacional não é só diplomacia: é planejamento conjunto, é aprender com o outro e construir soluções compatíveis com os nossos desafios. O Brasil está pronto para continuar esse caminho”, concluiu o ministro da Educação.

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A presidência do Brics Educação será assumida pela Índia em 2026, que dará continuidade à implementação dos compromissos assumidos.

A partir de 2026, as ações da nova aliança para educação técnico-profissional também começam a ser efetivamente implementadas pelos países.

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