A expedição foi liderada pela espeleóloga russa Katiya Pavlova, que explora cavernas profissionalmente há mais de seis anos.
Inicialmente, os pesquisadores acharam que os objetos eram lixo deixado por pessoas que aram pelo local.
Conhecida pelo nome indígena Tlayócoc, que significa “Caverna dos Texugos” em nahuatl, o local abriga uma coleção rara de objetos antigos encontrados em ótimo estado de preservação.
Foram identificados 14 artefatos ao longo da caverna, que está parcialmente submersa.
Em alguns trechos, os cientistas tiveram que ar por lugares com uma distância de apenas 15 centímetros entre o teto e a água.
Os materiais parecem ter sido usados em rituais relacionados à fertilidade, realizados há mais de meio milênio.
Apesar disso, a origem exata desses objetos ainda é um mistério, e os especialistas não conseguem confirmar qual civilização foi responsável por sua criação.
Entre os itens encontrados estão quatro braceletes feitos de conchas, cuidadosamente colocadas sobre pequenas estalagmites, o que indica a possível importância simbólica desses elementos no contexto cerimonial.
Algumas peças apresentam gravações, incluindo um símbolo em forma de 'S', chamado xonecuilli, que possui ligação com o planeta Vênus e com a contagem do tempo nas culturas mesoamericanas.
Outro destaque é a figura que lembra um ser humano e pode representar a divindade Quetzalcoatl (foto), o deus criador.
Também foram encontrados um caramujo perfurado, fragmentos de madeira carbonizada e discos de pedra.
As análises apontam que os objetos datam do período pós-clássico mesoamericano, entre os anos 950 e 1521 d.C.
Uma das hipóteses levantadas pelos estudiosos é que os artefatos tenham sido deixados por integrantes da cultura Tlacotepehua, povo que habitava a região na época.
Para os povos pré-hispânicos, cavernas como essa tinham forte valor espiritual, sendo consideradas símbolos do submundo e até mesmo associadas ao núcleo da Terra.
A preservação dos artefatos se deve ao ambiente fechado e úmido da caverna, formada por calcário dissolvido pela ação lenta da água da chuva.
A descoberta foi divulgada pelo Instituto Nacional de Antropologia e História do México e reforça a importância arqueológica da região.